História da Dança de Rua no Brasil

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Breaking, locking, popping, freestyle, krump… Você conhece a história do street dance no Brasil?

Os vários tipos de dança de rua desenvolvidos no Brasil derivam, basicamente, da música negra norte-americana. Nos anos 1960, o cantor James Brown catalisou os primeiros passos do funk, abrindo caminho para outras manifestações corporais. Mais tarde, a dança de rua se ramificaria no movimento hip hop (do inglês hip, quadril, e hop, pulo) e no street dance, que, por sua vez, se subdivide em três: o breaking, o locking e o popping.

“O breaking mistura vários estilos, como o top rock, o footwork e o freeze, que seriam, mais ou menos, o começo, meio e fim. São fundamentos básicos”, explica Ericson Carlos, o Banks, dançarino e professor da Casa do Hip Hop, em Diadema (SP). “Já o locking, como o próprio nome diz, é baseado em um passo em que a pessoa trava o corpo. E o popping usa muito as articulações do corpo, com uma variação imensa de estilos, como o robot, o Tutancamon”, completa.

Banks começou a dançar em Guarulhos, na Grande São Paulo, há exatos 20 anos. Sob influência de um grupo chamado Fantastic Four, acabou descobrindo o ponto de encontro dos dançarinos de rua na capital paulista, a estação São Bento. “Em 1994, fui convidado para integrar o grupo Back Spin Crew. Fizemos várias viagens pelo Brasil e estivemos até em um festival em Cannes, na França”, conta.

Para Banks, a melhor forma de começar na dança de rua é procurar um centro cultural e se pesquisar sobre o assunto. Suas referências como dançarinos, além do próprio Back Spin Crew, são Nelson Triunfo, King Nino Brown, Marcelinho e Discípulos do Ritmo. “Somos dançarinos de alma, não é só a precisão, a dificuldade. É uma filosofia de vida”, sentencia.

Representante da geração mais nova, João Carlos Cardoso, o Joca, 19 anos, integra o grupo paulista Cidades dos Anjos há seis anos. Para ele, o iniciante deve sempre ter um ídolo como referência. “Tem que se espelhar em alguém ou em algum grupo famoso, pra ver se consegue decorar e executar os passos. Depois, é só ouvir muita música e começar a criar seus próprios passos”, aconselha.

Joca afirma que seu grupo trabalha com estilos como o black e o charm (“que envolvem mais movimentos sincronizados”), o street dance (“mais rápido”) e a chamada melodia (“mais lenta”). “Atualmente há muitos grupos legais, como o Mano a Mano, Dança de Rua do Brasil, Magic Street, Homens de Preto”, lista o dançarino.

Uma das referências citadas, o Dança de Rua do Brasil, tem como coreógrafo um dos precursores do movimento no país: Marcelo Cirino, 37 anos, que atualmente coordena o Projeto Dança de Rua na Secretaria Municipal de Cultura de Santos (SP). “No Brasil o movimento começou a engatinhar em 1982, através dos clips, filmes, músicas. Eu comecei nessa época a dançar nos bailes e a ensaiar com a comunidade nas praças, garagens, estacionamentos”, lembra o dançarino.

“Ao surgir um campeonato no programa de TV Barros de Alencar, em 1985, fundei o Gang de Rua e ganhamos popularidade na onda do break dance. Nessa época pouco se sabia de hip hop, os segmentos do street dance, tudo era chamado de break. Depois as informações começaram a chegar”.

Foi Cirino que idealizou, em janeiro de 1991, em Santos, o primeiro curso brasileiro de dança de rua, baseado em trabalho prático e de pesquisa. “Até esse evento surgir não existiam cursos ou festivais que tratassem dessa dança com tal seriedade e respeito. E foi desse projeto que nasceu o Dança de Rua do Brasil, que conquistou vários prêmios”, orgulha-se.

Aos estilos básicos popping e locking, Cirino acrescenta o freestyle, krump, b.boy e alguns “polêmicos”, em sua avaliação, como o house e o experimental. “Como referências profissionais cito Octávio Nassur, Guiu, Alexandre Snoop, Tati Sanches, André Pires, Ralph, Celso Alonso, Ricardo Dias, Faísca e Fumaça, Thurbo Braga, Frank Ejara, Nelson Triunfo e Andrezinho”, arremata.

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